O
Portal de Campo Grande lança mais uma super coluna,
desta vez sobre a Cultura do Hip Hop no Brasil.
Esta coluna está sendo escrita pelo DJ TR
Saiba mais sobre o DJ TR:
- Militante do movimento hip-hop há 14 anos
- Coordenador da ATCON (Associação Atitude Consciente)
- Membro da Zulu Nation Brasil
- Palestrante, escritor e colunista |
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Hip-hop
Muito se fala, pouco se conhece e o quê se faz...?
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DJ (Disc Jóquei)
– figura antológica do hip-hop. Foi o responsável
por reunir os demais elementos para a arquitetura da cultura. Na
Jamaica, não era visto como apenas um animador de festas,
mas como uma divindade sacerdotal, que tinha a de missão
interligar o povo à Jah (Deus), através
dos estilos roots, ska e dub.
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Havia
um velho costume no raggae: de djs falarem sobre músicas
de discos ao toca-las e interagirem com o púbico.
Tal prática era compreendida pelo nome toast. Pode-se
afirmar inclusive, que o dj fora o primeiro mc, antes mesmo
deste elemento assumir seu formato original e individual.
Devido esta ancestralidade cultural, muitos entendidos tendem
a tropeçar nas suas explicações históricas
quanto ao nascimento do rap, alegando ser a Jamaica o seu
berço verdadeiro. Embora o dj jamaicano tenha sido
a referência principal na construção
do rap, cabe lembrar que o canto falado tem sua raiz fundamentada
na África há milênios, e aonde quer
que exista a presença africana no mundo, existe também
a presença da oratória por sobre a música.No
jazz, no blues e até nas pregações
de um pastor afro- |
americano, predomina-se a expressão do discurso por sobre
as bases instrumentais. Os griots (sacerdotes
religiosos africanos, contadores de histórias, que estiveram
presentes em todas as partes do mundo onde se poderia identificar
a escravidão), por exemplo, narravam os feitos heróicos
dos negros através do canto falado. Mas, mesmo com toda referência
do canto falado presente nas culturas africanas, o nascedouro do
rap – entendido como cultura através deste nome –
foi nas ruas do bairro do Bronx.
É
importante ressaltar, que, um dos incentivadores da valorização
do papel do dj e da construção da cultura
hip-hop fora o dj jamaicano Kool Herc, que, através
do seu equipamento ambulante, levou a tradição
das festas de rua (block parties), da Jamaica para o Bronx,
reunindo dançarinos e grafiteiros num mesmo espaço.
Herc tornou-se também o inspirador de djs como Afrika
Bambaataa e Grand “Master” Flash, e juntos,
idealizaram a cultura hip-hop... |
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Da mesma maneira que existem estilos diferentes no rap, os djs
ligados à cultura também apresentam as suas diferenças,
chegando inclusive a se tornarem produtores, verdadeiros acrobatas
por sobre os toca discos e exímios remixadores, fazendo
com que muitos sons undergounds, se tornem aceitos nas pistas
de dança.
Aqui no Rio, enquanto que o dj Cley 2, Branquynho
e Claysoul – todos de Campo Grande –
assumem o papel de excelentes remixadores, os djs Juan
(Six), Boneco (Masta Basta), Phabyo e Bráulio (Castelo
das Pedras), GL Jay (ex-Artigo 288), Magic Júlio (banda
Afroreggae), Negralha (O Rappa) e Babão (Brutal Crew),
mostram que as MK2 (toca-discos profissionais) , não se
tornaram relíquias de museu...
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