O Portal de Campo Grande lança mais uma super coluna, desta vez sobre a Cultura do Hip Hop no Brasil.
Esta coluna está sendo escrita pelo DJ TR

Saiba mais sobre o DJ TR:

- Militante do movimento hip-hop há 14 anos
- Coordenador da ATCON (Associação Atitude Consciente)
- Membro da Zulu Nation Brasil
- Palestrante, escritor e colunista
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Ao contrário do estado de São Paulo, o hip-hop carioca não tem a sua origem caracterizada em meio ao caos das comunidades pobres. Isto faz com que os poucos artistas do movimento, oriundos destas áreas, se tornem um dado isolado que não chega a ser pertinente à números estatísticos que correspondam a forte predominância do hip-hop se comparado ao funk carioca. Talvez a resposta para este fato esteja relacionada a nossa geografia, que, certamente exerce forte influência diante da formação cultural, política e filosófica de nossa população... Porém, estes poucos representantes do hip-hop, quando rappers, trazem em suas músicas o relato da crueldade instalada nestes lugares. Mas, como mesmo reza o ditado, que, “para toda regra existe uma exceção”, a história de Vinimax inicia-se na comunidade nordestina de Rio das Pedras, uma das poucas ou a única favela carioca sem a presença do tráfico. Contudo, embora o tráfico não seja o fator correspondente do descaso social eminente em Rio das Pedras, questões como miséria, desemprego e habitação precária substituem o reflexo do “crime organizado”, e assumem o papel de uma outra agressão requintada, aonde somente sobreviventes como Vini podem interpretar com precisão os resultados deste lamentável quadro: residindo com sua mãe, esposa e filho menor, num humilde barraco de madeira, à 50 metros de um valão, ViniMax, apesar de hoje fazer parte do elenco de grandes artistas da gravadora Sony Music, ainda convive com a dura realidade da pobreza. Pobreza passiva de questionamento, quando o mesmo, ao me receber hospitaleiramente em seu lar, me apresenta com orgulho sua rica coleção em vinil, variada em samba raiz, jazz, funk anos 70, soul, raggae e rap; principais fontes de inspiração para o seu primeiro CD, cujo título carrega seu próprio nome. Com o estilo passivo da crítica daqueles que no hip-hop acreditam na radicalidade excessiva das letras de um rapper favelado, ViniMax mostra que está com sua concepção muito além do previsível, dando assim lugar a conclusão de um trabalho sem igual...

TR.

Portal Campo Grande- Você construiu sua carreira inicialmente no funk com o sucesso de “Rap da Espuma”. Como se deu esta mudança de gênero para o hip-hop?
Vinimax- Eu comecei na década de 80 dançado break, mas ainda não tinha a ideologia do hip-hop em relação aos quatro elementos, política... e como todo o moleque de favela do Rio, o funk sempre foi muito influente, eu entrei nele cantando o Rap da Espuma que foi um sucesso até nas pistas da zona sul. E em casa eu sempre tive vinis do DMN, Racionais, MT Bronx – eu escutava aquilo tudo, mas não tinha ainda a ideologia do hip-hop. Então, uma vez um amigo meu, militante negro, disse pra mim que eu precisava me ligar mais sobre as minhas raízes. E teve uma vez que ele teve aqui em casa e pediu pra eu escutar a faixa “Júri Racional” dos Racionais, e, depois de ouvir, eu me senti realmente no meio de um júri racional e isso salvou a minha vida! Coincidentemente, teve um show dos Racionais que eu fui, em 1997, no Bandeirantes TC, e os amigos me incentivando: pô Vini, você tem um monte de disco de rap, porquê você não canta rap?! Então foi tudo uma questão espiritual! Eu me encontrei dentro do hip-hop, através dele eu conheci o jazz, o blues... Como a história de Bob Marley: filho de um preto com uma branca e uma vez ele se perguntou quem ele era..., e nessa ele decidiu falar que ele era um bufalo soldier! Eu, no rap, descobri que sou um afro-euro-descendente, então, eu sou favelado e eu tenho que vencer!

PCG- Alguns séticos do hip-hop nacional tendem em confrontar com trabalhos que não condizem com o padrão previsível do discurso geopolítico como é o seu caso. Como o Vinimax se porta diante destas críticas?
Vini- Eu sou o tipo de cara que respeita a crítica dessa rapaziada, até porque eu também já fui um cara muito radical, e, dentro dessa radicalidade, quando eu entrei no rap, eu apaguei um pouco a música, colocava muita revolta encima de uma base instrumental muito dura e me preocupava mais com as palavras. Então, hoje é o seguinte: eu sou um tipo de cara que não sou só rapper: eu canto! Fiz uma música pra rapaziada balançar! A minha música de sucesso fala sobre a cultura hip-hop e por mais radical que o cara do hip-hop seja, ele também vai à uma festa... Agora, eu não esquento a cabeça com as criticas. Respeito eles e sempre falo que eles têm razão, e se eles acham que eles devem continuar assim, fiquem assim e eu vou ficar aqui orando pra Deus abençoar o rap nacional como um todo independente de estilo!

PCG- Durante muito tempo o lado conservador do rap condenou aqueles que ingressavam no processo das multinacionais, alegando que isto seria o fim para estes tanto no sentido ideológico, quanto que mercadológico. Como observa esta tese?
Vini- O rap nacional pra mim, ele é um desabafo, e temos um povo em que a maioria não conhece a proposta do hip-hop. Então, vai ser inevitável, como foi com o samba e o funk, o rap nacional não estourar! Porque, qualquer cidadão tá querendo gritar! E o rap nacional, hoje, tá tendo um apoio de um outro lado da sociedade que tá consumindo esse rap porque também é carente. Não carente de grana, mas de espiritualidade! E pra mim o rap é a verdade, e a verdade é a Palavra de Deus! O playboy, tá vendo rap, tá dando chance e pode evitar de um maluco botar a arma na cara dele... Então tá todo mundo de olho no nosso rap, e isso vai ser bom à partir do momento em que agente não se esquecer de levar nossa cultura como um todo. Lá fora nos EUA não tá sendo diferente há anos. Agora, quanto a mim, você tá vendo: eu moro num barraco de tábua! Eu era office-boy, ganhava 400 pratas por mês...! Qual ia ser o dia que eu iria conseguir gravar um trabalho independente nessas condições?! No mínimo eu gastaria uns 10 mil! Então, eu acredito que a multi nacional invista sim, no talento! A Sony entendeu que não pode ter só gringo, e eu entrei ali por ser talentoso e fazer uma música acessível, musical, no mesmo padrão dos gringos.

 

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