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Neurótico
+ Frenético = Vinimax
A nova fórmula da poesia urbana...
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Ao contrário do estado de São Paulo, o hip-hop carioca
não tem a sua origem caracterizada em meio ao caos das comunidades
pobres. Isto faz com que os poucos artistas do movimento, oriundos
destas áreas, se tornem um dado isolado que não chega
a ser pertinente à números estatísticos que
correspondam a forte predominância do hip-hop se comparado
ao funk carioca. Talvez a resposta para este fato esteja relacionada
a nossa geografia, que, certamente exerce forte influência
diante da formação cultural, política e filosófica
de nossa população... Porém, estes poucos representantes
do hip-hop, quando rappers, trazem em suas músicas o relato
da crueldade instalada nestes lugares. Mas, como mesmo reza o ditado,
que, “para toda regra existe uma exceção”,
a história de Vinimax inicia-se na comunidade nordestina
de Rio das Pedras, uma das poucas ou a única favela carioca
sem a presença do tráfico. Contudo, embora o tráfico
não seja o fator correspondente do descaso social eminente
em Rio das Pedras, questões como miséria, desemprego
e habitação precária substituem o reflexo do
“crime organizado”, e assumem o papel de uma outra agressão
requintada, aonde somente sobreviventes como Vini podem interpretar
com precisão os resultados deste lamentável quadro:
residindo com sua mãe, esposa e filho menor, num humilde
barraco de madeira, à 50 metros de um valão, ViniMax,
apesar de hoje fazer parte do elenco de grandes artistas da gravadora
Sony Music, ainda convive com a dura realidade da pobreza. Pobreza
passiva de questionamento, quando o mesmo, ao me receber hospitaleiramente
em seu lar, me apresenta com orgulho sua rica coleção
em vinil, variada em samba raiz, jazz, funk anos 70, soul, raggae
e rap; principais fontes de inspiração para o seu
primeiro CD, cujo título carrega seu próprio nome.
Com o estilo passivo da crítica daqueles que no hip-hop acreditam
na radicalidade excessiva das letras de um rapper favelado, ViniMax
mostra que está com sua concepção muito além
do previsível, dando assim lugar a conclusão de um
trabalho sem igual...
TR.
Portal
Campo Grande- Você construiu sua carreira inicialmente no
funk com o sucesso de “Rap da Espuma”. Como se deu
esta mudança de gênero para o hip-hop?
Vinimax- Eu comecei na década de 80 dançado
break, mas ainda não tinha a ideologia do hip-hop em relação
aos quatro elementos, política... e como todo o moleque
de favela do Rio, o funk sempre foi muito influente, eu entrei
nele cantando o Rap da Espuma que foi um sucesso até nas
pistas da zona sul. E em casa eu sempre tive vinis do DMN, Racionais,
MT Bronx – eu escutava aquilo tudo, mas não tinha
ainda a ideologia do hip-hop. Então, uma vez um amigo meu,
militante negro, disse pra mim que eu precisava me ligar mais
sobre as minhas raízes. E teve uma vez que ele teve aqui
em casa e pediu pra eu escutar a faixa “Júri Racional”
dos Racionais, e, depois de ouvir, eu me senti realmente no meio
de um júri racional e isso salvou a minha vida! Coincidentemente,
teve um show dos Racionais que eu fui, em 1997, no Bandeirantes
TC, e os amigos me incentivando: pô Vini, você tem
um monte de disco de rap, porquê você não canta
rap?! Então foi tudo uma questão espiritual! Eu
me encontrei dentro do hip-hop, através dele eu conheci
o jazz, o blues... Como a história de Bob Marley: filho
de um preto com uma branca e uma vez ele se perguntou quem ele
era..., e nessa ele decidiu falar que ele era um bufalo soldier!
Eu, no rap, descobri que sou um afro-euro-descendente, então,
eu sou favelado e eu tenho que vencer!
PCG-
Alguns séticos do hip-hop nacional tendem em confrontar
com trabalhos que não condizem com o padrão previsível
do discurso geopolítico como é o seu caso. Como
o Vinimax se porta diante destas críticas?
Vini- Eu sou o tipo de cara que respeita a crítica
dessa rapaziada, até porque eu também já
fui um cara muito radical, e, dentro dessa radicalidade, quando
eu entrei no rap, eu apaguei um pouco a música, colocava
muita revolta encima de uma base instrumental muito dura e me
preocupava mais com as palavras. Então, hoje é o
seguinte: eu sou um tipo de cara que não sou só
rapper: eu canto! Fiz uma música pra rapaziada balançar!
A minha música de sucesso fala sobre a cultura hip-hop
e por mais radical que o cara do hip-hop seja, ele também
vai à uma festa... Agora, eu não esquento a cabeça
com as criticas. Respeito eles e sempre falo que eles têm
razão, e se eles acham que eles devem continuar assim,
fiquem assim e eu vou ficar aqui orando pra Deus abençoar
o rap nacional como um todo independente de estilo!
PCG-
Durante muito tempo o lado conservador do rap condenou aqueles
que ingressavam no processo das multinacionais, alegando que isto
seria o fim para estes tanto no sentido ideológico, quanto
que mercadológico. Como observa esta tese?
Vini- O rap nacional pra mim, ele é um
desabafo, e temos um povo em que a maioria não conhece
a proposta do hip-hop. Então, vai ser inevitável,
como foi com o samba e o funk, o rap nacional não estourar!
Porque, qualquer cidadão tá querendo gritar! E o
rap nacional, hoje, tá tendo um apoio de um outro lado
da sociedade que tá consumindo esse rap porque também
é carente. Não carente de grana, mas de espiritualidade!
E pra mim o rap é a verdade, e a verdade é a Palavra
de Deus! O playboy, tá vendo rap, tá dando chance
e pode evitar de um maluco botar a arma na cara dele... Então
tá todo mundo de olho no nosso rap, e isso vai ser bom
à partir do momento em que agente não se esquecer
de levar nossa cultura como um todo. Lá fora nos EUA não
tá sendo diferente há anos. Agora, quanto a mim,
você tá vendo: eu moro num barraco de tábua!
Eu era office-boy, ganhava 400 pratas por mês...! Qual ia
ser o dia que eu iria conseguir gravar um trabalho independente
nessas condições?! No mínimo eu gastaria
uns 10 mil! Então, eu acredito que a multi nacional invista
sim, no talento! A Sony entendeu que não pode ter só
gringo, e eu entrei ali por ser talentoso e fazer uma música
acessível, musical, no mesmo padrão dos gringos.
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