Durante os anos 60, a América negra fora tomada pelo sentimento
libertário alimentado pela luta de líderes como
Martin Luther King e Malcolm X e a articulação
de movimentos como os Panteras Negras. Tal sentimento
transformou-se em uma das manifestações mais significativas,
que perdura até os dias de hoje sobre diversas linguagens:
o black power, que possuía as características
marcantes do cabelo crespo grande e cheio – como sinônimo
de afirmação racial ante às influências
de beleza branca – e o punho serrado para o alto – simbolizando
a unidade afro-americana. Mas não era apenas de discursos
e formas diferenciadas de se vestir, pentear e falar que se caracterizava
o black power. A música se tornou o veículo de condução
mais eficaz deste comportamento, alcançando não só
as fronteiras americanas, como também todo o mundo: era conhecida
como soul music, tendo à frente gênios
como James Brown e Curtis Myfield
no seu protagonismo sonoro.
Desta forma, a trilha sonora do movimento black power ecoou por
todo o planeta, levando a realidade de uma América segregacionista,
e despertando naqueles, de vivência similar, um sentimento
mutuo. É baseado neste sentimento que surge no Rio de Janeiro
o movimento Black Rio. Utilizando-se das mesmas
características afro-americanas, mescladas à linguagem
suburbana e a própria ginga carioca, o Black Rio materializou-se
ao seu próprio modo, revelando inclusive seus representantes:
Tim Maia, Gerson King Combo,
Toni Tornado, entre outros dinossauros da soul
music carioca, que se tornaram os principais divulgadores desta
luta pela afirmação no Estado, influenciando posteriormente
outros movimentos de resistência no Brasil.
Focado a estes acontecimentos, o cineasta Marcos Roza,
está desenvolvendo o documentário Soul Black
Soul...
Imagine a velha escola da black music encontrando-se com escolas
mais modernas como o charme (r&b), o funk carioca e o hip-hop...?!
A intenção de Marcos, é tecer uma única
tela cultural, onde, cronologicamente, se possa entender como
se deu o processo de evolução acerca do sentimento
de auto-afirmação afro-descente no Rio de Janeiro
até os dias de hoje.
Personalidades como Mr. Paulão Black Power, Rômulo
Costa, Mr. Funk Santos, DJ Marlboro, Ed Motta e DJ Claysoul,
são apenas alguns dos nomes que estarão compondo
este riquíssimo material, em depoimentos à respeito
de suas dificuldades (desde o regime de repressão militar
durante os anos 60); e avanços (como os bailes tradicionais,
programas de rádio e TV, sites, revistas, linguagens, formas
de vestir, pentear, atividades sociais, etc).
Soul Black Soul tem previsão de lançamento ainda
para 2005, e nós do Portal Campo Grande estaremos atentos
aos fatos, levando a você, caro leitor, os acontecimentos
dos bastidores, e futuramente, uma entrevista exclusiva com seu
produtor.
TR.
Saiba
mais sobre Marcos Roza:
mrs_pesquisa@ig.com.br