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Volume
10
O Lado Humano do “Inumanos”... |
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A geração carioca do hip-hop do fim dos anos 90, fora
marcada por uma safra de artistas que trouxeram em seus projetos
pessoais o diferencial de seus antecessores, que viam simplesmente
o discurso geopolítico como a essência primordial de
seus trabalhos. Desta forma, composições metafóricas
e flows modernizados associaram-se às instrumentais secas
e programadas, revelando uma nova linguagem do cenário underground
atual, tendo o bairro da Lapa (centro-RJ) como a Meca destes oradores
urbanos. Dentre os muitos nomes surgidos neste período (2000),
se destacaram a dupla MC Aori e DJ Babão, na formação
conhecida como Inumanos (Inteligência Natural União
Maior Através de Núcleos
Originários do Subterrâneo). Muito popular nas batalhas
de rima do Centro – que o levaram à outros lugares
do país –, Aori divide seu tempo como roteirista e
escritor, versatilizando suas rimas, tanto como compositor (rapper),
quanto improvisador (mc), promovendo também realizações
importantes como a “Batalha do Real”, através
de sua entidade Brutal Crew (que tornou esta prática uma
tradição entre os mcs do estado) e encontra algum
espaço para acompanhar o rapper Marcelo D2 em algumas apresentações.
Já o DJ Babão, além de acompanhá-lo
nestas intervenções e no próprio trabalho do
grupo, divide seu tempo em projetos com o seu pessoal, o Eletrosamba,
e presta algum apoio para O Rappa quando o DJ Negralha está
impossibilitado...
Hoje, o Inumanos lança o primeiro álbum de sua carreira:
Volume Dez, que contou com a atenção dos produtores
Pedro Garcia (Planet Hemp), o beatmaker francês Damien Seth
e os toques finais do Instituto. “Esse CD é praticamente
o resumo de nossa vida, minha e do DJ Babão até
os vinte e poucos anos; nossa vivência de rua, de fliperama,
de conhecer coisas, de catar discos, de matar aula, de conversar,
da minha vivência com a minha mãe, da minha família
que é envolvida com o movimento negro... Todos os nossos
objetivos e sonhos estão expressados nesse CD. Quem ouvir
esse disco, vai se ligar que a gente usa muitas metáforas,
alegorias pra ilustrar os fatos, mas se você se ligar, ele
conta a história de qualquer moleque – viagens, algo
sobre política, sobre a rua, os objetivos, etc. Em resumo
mesmo: a gente tá muito feliz de tá botando esse
CD pra galera ouvir e já quer fazer outros na seqüência”,
declara Aori muito entusiasmado com o trabalho que considera um
resumo de suas vidas, em especial, os momentos de suas adolescências,
em que acredita ter sido decisiva nas suas formações
o quanto adultos.
Mesmo tendo seu material elaborado em modo independente, o grupo
conseguiu trabalhar ardorosamente no clipe “Monstros L.A.P.A.”,
dirigido pelo videomaker Matias Maxx, que explicita os conceitos
principais do “Dogma Cucaracha (uma espécie de filosofia
criada pelo grupo para fugir dos padrões estéticos
desgastados pela sociedade de massa)”. “O primeiro
som que a gente quer que toque, chama-se ‘Todo Errado’:
é uma viajem como se fosse uma batalha de mcs – que
eu como mc fiquei mais conhecido no Brasil –, e tô
meio que tirando um sarro de um cara, é um bagulho dançante
pra galera ouvir e espero que bata forte... Quem fez a batida
foi o Babão, e foi produzido com o Pedro e o Damien, é
um som bem pra frente, bem acessível, com rimas bem simples,
e eu acho que a galera vai gostar”, responde Aori a respeito
da faixa de trabalho “Todo Errado”, que relembra levemente
o humor que levou os Beastie Boys à tona com seu jeito
debochado de ser, justamente no momento em que o rap era composto
pela postura sisuda do gueto.
TR.
Saiba
mais sobre o Inumanos:
www.bizarremusic.com.br
inumanos@bizarremusic.com.br
Shows:
vanessa_sonic@yahoo.com.br
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