Senhores Deputados,
A Educafro – Educação e Cidadania de Afrodescendentes
e Carentes, é uma entidade da sociedade civil organizada,
que reúne 255 núcleos de pré-vestibulares
comunitários nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro,
Espírito Santo, Minas Gerais e no Distrito Federal.
Nossa
luta ao longo dos últimos 10 anos tem sido no sentido de
democratizar o acesso dos pobres e de modo especial dos afro-brasileiros
e índiodescendentes ao ensino superior. O debate sobre
as ações afirmativas para populações
historicamente com poucas oportunidades educacionais.
Segundo
o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep), de todos
os estudantes brasileiros do ensino médio, apenas 11,2%
vêm da rede particular de ensino. No entanto, nas universidades
públicas a rede particular responde por mais de 70% das
vagas. Outro dado que tem chamado a atenção é
a recente pesquisa da Andifes, segundo a qual, os brancos são
74% dos estudantes oriundos da classe A (com renda de até
R$ 7.793,00), 68% da classe B (renda familiar de até R$
2.804,00) e 60,9% da classe B1 (renda de R$ 1.669,00), o que “reforça
a vinculação entre a exclusão que a nossa
sociedade desigual produz entre pobreza e etnia”. Neste
sentido, a Educafro solicita a este mandato parlamentar que continue
firme da defesa dos seguintes princípios:
a)
Reserva de vagas para afrodescendentes e índiodescendentes
de acordo com a participação destes segmentos na
população de cada estado da federação;
b)
Reserva de vagas 88,8% das vagas para alunos da rede pública,
de acordo com a participação deste segmento no quadro
de concluintes do ensino médio público;
c)
Incluir as universidades públicas municipais e estaduais,
a exemplo da USP, no Projeto, uma vez que elas também são
responsáveis pela exclusão dos pobres e afrodescendentes;
As políticas públicas de ações afirmativas
para populações historicamente com poucas oportunidades
educacionais não são uma concessão do Estado,
mas uma dívida histórica que deve ser sanada de
maneira urgente.
Temos
convicção de que o senhor (a) seguirá firme
e não cederá às pressões dos lobbies
organizados que querem impedir a vitória do povo. Os jovens
pobres da periferia estão envelhecendo fora das universidades!
À omissão do Estado frente a esta gritante exclusão
se contrapõe o crime organizado, a delinqüência
juvenil e conseqüentemente um futuro nada promissor para
o país.
Com
certeza os parlamentares, como legítimos representantes
do povo, não fugirão à responsabilidade histórica
que este momento exige.
Na
força do guerreiro Zumbi e pelos 13 mil alunos do Projeto
Educafro,
Frei
David Santos, Ofm
Diretor-executivo
da Educafro