O Portal de Campo Grande lança mais uma super coluna, desta vez sobre a Cultura do Hip Hop no Brasil.
Esta coluna está sendo escrita pelo DJ TR

Saiba mais sobre o DJ TR:

- Militante do movimento hip-hop há 14 anos
- Coordenador da ATCON (Associação Atitude Consciente)
- Membro da Zulu Nation Brasil
- Palestrante, escritor e colunista
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Afinal, o quê é Black Music?
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Paris
O terrorista das rimas ofensivas contra-ataca o sistema americano com “Sonic Jihad”...
1990, Bay Area (São Francisco). Surge um rapper que contrariaria todos os padrões sistemáticos do seu país através de músicas altamente contestadoras. Muito diferente dos artistas locais e suas rimas limitadas aos moldes do “gangsta rap”, ele buscou em seu trabalho trazer para a América Negra uma discussão mais profunda a cerca de um EUA injusto: “Paris”, este é o seu nome! Lançado o single “The Devil Made Me Do It (O Diabo Me Levou A Fazer Isto)”, seguido do álbum do mesmo título, Paris apresentou sua posição inflexível diante aos assuntos políticos e sociais levando sua mensagem para além dos guetos – aliando-se à trabalhos de grupos revolucionários como o “Public Enemy”.

Em 1992, a gravadora “Tommy Boy Records”, juntamente com a distribuidora “Time Warner”, negaram-se à distribuição do seu segundo álbum, “Sleeping With The Enemy (Dormindo Com O Inimigo)”, ao descobrirem seu conteúdo incendiário: o rapper fantasiava uma série de assassinatos ao então-presidente “Bush” e a policiais racistas. Após ter travado uma luta feroz para a liberação de sua obra, ele fechou contrato com a recém-anaugurada “Scarface Records”, que possibilitou a sua distribuição inicial e aclamação em âmbito nacional.

Ao assinar como artista principal numa transação de distribuição junto a “Priority Records” em 1993, que em parceria com a “Scarface Records” trouxe ao mercado seu terceiro LP, “Guerrilla Funk”, Paris trouxe a público a participação notável de “The Conscious Daughters”, uma dupla feminina de visões políticas semelhantes. Por motivos de divergência ideológica, em 1995 Paris rompe suas relações comerciais com a Priority e em 1997 assina uma transação com a “Whirling Records (distribuição via Rykodisc)”, para o lançamento do seu 4º LP, “Unleashed”. Distribuído em números limitados, o álbum apresentou desmedidamente a linguagem revolucionária, típica do rapper, contrariando mais uma vez tudo aquilo que previsivelmente já se esperava de um protesto politizado. Isto talvez se deva pelo fato de Paris ser um praticante da denominação negra da religião islâmica...

Future Nobel Prize Winner?

Depois de ter confrontado agressivamente em versos o ex-presidente “Bush”, pai do atual presidente norte-americano “George W. Bush”, com o polêmico sucesso do single “Bush Killa” (1992), o rapper da Costa Oeste, “Paris”, retorna desta vez com uma pedrada ainda mais violenta: “Sonic Jihad”, uma confrontação direta ao reeleito presidente Geoge Bush e à condição atual da música rap. Críticas pesadas sobre a guerra ao Iraque; os absurdos assaltos freqüentes em comunidades negras; as origens sintéticas do vírus da AIDS; as mentiras de propaganda das forças armadas; a brutalidade contínua da polícia, e a controversa administração Bush em relação a uma orquestração ao atentado de 11 de setembro de 2001 são alguns dos temas abordados pelo rapper neste álbum. Um fato bastante interessante é a caracterização da capa de seu álbum, onde um jato está prestes a colidir com a Casa Branca... Sonic Jihad ainda conta com o reforço dos visionários “Dead Prez, Public Enemy e Kam”, que demonstram ao lado de Paris toda a atualidade do rap político. Destaque para faixa (single) “Future Nobel Prize Winner? (Futuro Vencedor do Prêmio Nobel?)” que questiona as intenções pacifistas de Bush junto a humanidade...

Portanto, se você julgava conhecer toda ou a maior parte do elenco de rappers militantes dos EUA, esta é a grande oportunidade de pesquisar a pessoa de Paris, que, independente do estilo extremamente incomodador, procura fazer de cada faixa de seu trabalho, uma obra-prima no sentido de qualidade de arranjo musical... Certamente seu trabalho deixa qualquer protesto de Eminem no chinelo.

Eu recomendo!!!
TR.

Saiba mais:

www.guerrillafunk.com