O Portal de Campo Grande lança mais uma super coluna, desta vez sobre a Cultura do Hip Hop no Brasil.
Esta coluna está sendo escrita pelo DJ TR

Saiba mais sobre o DJ TR:

- Militante do movimento hip-hop há 14 anos
- Coordenador da ATCON (Associação Atitude Consciente)
- Membro da Zulu Nation Brasil
- Palestrante, escritor e colunista
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Fabiana Menini
Um longo caso de amor ao hip-hop...
Ela é sulista e em 1992 envolveu-se com o hip-hop, período em que trabalhava como gerente de um hotel em uma das cidades da grande Poá. Formada em administração de hotéis, pouco a pouco graduação seria aproveita para outros fins. E foi assim que tudo começou: ao assistir uma apresentação num barzinho underground de um grupo conhecido como “S of G” (hoje “Da Guedes”), contagiou-se com todo aquele clima... Em 1993, mudou-se para Poá e fez a sua primeira participação na produção na “Festa do Disco”, na Serra Gaúcha, evento cujas gravadoras apresentavam seus artistas. Por ser uma das organizadoras, além de incluir o S of G na programação que contava com os shows de “P. MC” e “Thaíde & DJ Hum”, após uma breve conversa, conseguiu ali mesmo o aval da dupla para representá-los como empresária. À partir daí trabalhou na gravadora Trama e apresentou o S of G, já rebatizado como “Da Guedes” ao grande produtor “Miranda”, que de pronto assinou contrato com estes. Dois anos depois passou a dedicar-se a outros trabalhos: “Projeto Trocando Idéia, documentários, oficinas de alimentação” (correspondendo a sua formação em hotelaria na área de alimento e bebidas), etc... Atualmente escreve projetos apresentando um vasto conhecimento sobre as leis de incentivo, atendendo ONGs na prescrição de projetos. Eu lhes apresento “Fabiana Menini”. E para quem pensa que a pouca (infelizmente) presença feminina no hip-hop tem sua ação inibida por este fato, Fabiana pode ser considerada uma prova viva que as mulheres podem e devem atuar em setores ainda inexplorados por muito homens do movimento...
TR.

Portal Campo Grande- Porque o hip-hop, já que você possuía um bom emprego e ainda voltado para sua área de formação?

Fabiana Menini- Desde antes da universidade, desde guria, trabalhei em eventos, fiz hotelaria pra atuar na área de eventos, me especializei em Alimentos & Bebidas. E sou ativista, quando conheci a ação cultural do hip-hop, isso foi em 92/93, aos poucos fui deixando a hotelaria, e continuei na produção, criação, execução de eventos, e é o que estou fazendo desdaí .

PCG- Pelo fato de ser mulher, neste período houve alguma objeção por parte do movimento a sua integração?
FM- Nos anos 90 haviam mais mulheres atuando no hip-hop aqui em Porto Alegre, rappers principalmente, e que faziam até festas só com rap feminino, tinha cena feminina, que agora não tem. Elas sofriam mais, estavam no palco. Hoje esta pior, a “onda pimp”; a mercadoria mulher reforçou a idéia que mulher de verdade são a mãe e coitada que fica em casa cuidando dos filhos e lavando roupa. É uma luta constante, as mulheres não são respeitadas.

PCG- E a relação com o “Da Guedes”, como era?
FM- Era contratual: eu fui agente deles, empresária e produtora executiva do primeiro disco. E nos mais ou menos três anos que trabalhei pra eles, me aproximei mais das gravadoras, conheci este mundo, e fiz divulgação em Poá dos produtos de rap da Eldorado, Atração e Trama. Aliás fui convidada pelo Baze pra ser empresária deles quando estava trabalhando na Festa do Disco em Canela, um evento das gravadoras de lançamento e apresentação de produtos, onde tive a oportunidade de indicar eles pro palco onde estavam Thaide e DJ Hum, Sampa Crew e PMC.

PCG- Como você observa o hip-hop nacional em relação a condição feminina em seu meio?
PCG- Tá mais difícil hoje pras mulheres atuarem no hip-hop, a onda do rap atual estadunidense, está aqui também e com toda força, mas temos grandes guerreiras , e que têm apoio de muitos homens o que é importante.

PCG- E o hip-hop na sua própria mídia, como a Fabiana vê sua representação nos meios de comunicação?
FM- Estamos bem representados na Internet, tem gente muito atenta escrevendo: Def Yuri, Noise D, a Rúbia... O hip-hop tem uma boa produção de revistas. As de graffiti estão com muita qualidade. O jornal Estação Hip-hop faz 8 anos, com distribuição nacional; um exemplo de militância do Adunias. No rádio tem um movimento se renovando, junto aos programas de rap nas rádios comunitárias tem o movimento das rádios livres de hip-hop. E a produção literária, é simbólica , precisamos de mais uns Ferrez, Buzzos...Com as políticas de inclusão digital, os telecentros , o acesso a e-mails, a mensagem instantânea... O hip-hop se apropriou e está muito bem representado nos blogs e nas comunidades na “www” , aproximando experiências e possibilitando produções coletivas.

PCG- E o “Trocando Idéia”, fale-nos um pouco sobre este trabalho...
FM- O encontro Trocando Idéia começou em abril de 1999, já teve 8 edições em Poá; 3 no interior do RS e estivemos em Recife em 2003 e em São Luís em 2005. Este ano teve edição especial no Fórum Social Mundial, foram 11 atividades, 6 países e 12 estados brasileiros. No Trocando, temos oficinas de comunicação rádio, fanzine, de produção musical, de dj, de dança, encontro de ativistas, mulheres, campanhas de saúde , discutimos meio ambiente e política cultural, e é claro, o espetáculo do hip-hop, campeonato de dança, shows de rap e graffiti na rua... e já teve até campeonato de futebol, onde o Cálice Sagrado –time do professor Pablo, Lito Atalaia e convidados – fez a final contra o time Copo Descartável que era Gato Congelado, Lumbriga , Nápoli e outros.

PCG- Você é uma expert em projetos ligados à “Lei de incentivo”. Existe algum que lhe surpreendeu muito ao longo desse tempo?
FM- Te digo que foi a necessidade que me levou a estudar as leis, e escrever projetos. O que me surpreende sempre, é que os governos e as grandes empresas financiem seus próprios projetos através das leis .

PCG- Quais são os planos da “Fabiana Menini” para o futuro?
FM- Educar meu filho pra ser um ser humano legal, e realizar um novo projeto chamado JAM.

PCG- Um recado para as mulheres do movimento...
FM- Boa sorte à todas, porque mulher do hip-hop hoje tem de ter "pegada". Uma grande força para Rúbia, Biba, Marcela TPM, Mara, Ângela lá de Campinas, a Ana Paula de Rio Preto, Negaativas, Célia Sampaio, Paulíssima, Carla, Sabrina da Zombando Crew. E que todas consigam agregar mais e mais pessoas pra nossa luta de igualdade de direitos e oportunidades.

Saiba mais:

fabiana_menini@yahoo.com
www.trocandoideia.org