O Portal de Campo Grande lança mais uma super coluna, desta vez sobre a Cultura do Hip Hop no Brasil.
Esta coluna está sendo escrita pelo DJ TR

Saiba mais sobre o DJ TR:

- Militante do movimento hip-hop há 14 anos
- Coordenador da ATCON (Associação Atitude Consciente)
- Membro da Zulu Nation Brasil
- Palestrante, escritor e colunista
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REP
O “Proceder” dos pioneiros do rap gospel carioca...
A história desses rappers começa no ano de 1994, na 1a Igreja Batista de Vila da Penha: três irmãos se organizaram para fazer do rap o veículo de conscientização aos jovens infratores do Instituto Padre Severino, no bairro de Quintino (zona norte). Associados à extinta ATCON (Associação Atitude Consciente), entidade responsável por amparar os artistas do hip-hop carioca, eles foram identificados como os precursores do estilo gospel no Rio de Janeiro. Muitas foram as modificações internas ao longo desses 10 anos de existência, fato que resultou a formação final nas pessoas de “OSK” e “DJ W”. Juntos, eles formam o grupo “REP” (Radicalizando – Evangelizando – Politizando). Respeitados tanto no meio gospel, quanto secular, o REP aposta no sucesso do single “Mão Pra Cima” enquanto não conclui a produção do álbum independente “Proceder”. Conheça agora o depoimento contundente de quem faz jus ao pioneirismo do rap gospel carioca...
TR.

Portal Campo Grande- Como foi o seu primeiro contato com o rap?
OSK- Conheci o rap através de uma tia que retornava dos E.U.A e trouxe vários CDs do gênero, inclusive os pioneiros do gênero no Gospel: DC Talk e D.O.C. Mais tarde conhecendo TR e o Frio Bira, é que vim entender o sentido do rap, conhecer a cultura hip-hop e me aprofundar de verdade.

PCG- O REP veio de uma época em que muitas igrejas abominavam o desconhecido. Pelo fato de vocês serem os pioneiros do estilo gospel no Rio, houve em algum momento algum empecilho por parte de seu pastor no desenvolvimento do seu trabalho?
OSK- Houve e muito. Pra você ter uma idéia eu nunca me apresentei na igreja que éramos membros quando começamos. Mas graças a Deus fomos muito ajudados por um dos pastores da Igreja, o Pastor Selmo Reis, carinhosamente chamado por nós como "Pastor Black". Já passamos por situações de pedirem para não cantarmos mais porque não estava agradando, ou o pastor local ironizar o que fazíamos ao invés de nos apoiar. Passamos por muitas coisas, mas com apoio de Deus e muita oração superamos essas dificuldades.

PCG- E hoje, como está essa relação das igrejas cariocas com os grupos de rap?
OSK- Há uma parcela tradicional que ainda torce o nariz. Pode-se dizer que 70 % das igrejas aceitam o rap como forma de evangelismo e louvor a Deus sem problemas. A sociedade cristã aceita muito mais hoje do que antes, ainda mais com a força que os negros e sua cultura representam dentro das igrejas.

PCG- O OSK é também um dos produtores da festa black Gospel Beat. Fale um pouco sobre.
OSK- Foi algo posto por Deus em nosso coração para acolher todos aqueles que curtem black music gospel e não têm aonde se reunir para curtir o som. Temos dois objetivos básicos: Espiritual e Profissional.

Espiritual: é simplesmente juntar a galera black para levá-los a conhecer a Deus, mostrar que ser fiel a Deus não é sinônimo de "caretice". Que você pode curtir um bom som, uma boa musica e que gente bonita também ama a Deus.

Profissional: criar uma cena black gospel no Rio de Janeiro. Não temos grandes pretensões. Queremos apenas fazer nossa parte. Identificar talentos, criar oportunidades de eventos e shows. Contribuir para que a cena aconteça e se fortaleça.

PCG- Mudando um pouco o curso da conversa: no início desse mês, o Projeto Vida Nova de Irajá promoveu um debate, no qual você esteve presente como espectador, cujo tema "Hip-hop – Que Movimento É esse"?, em dado momento discutiu a relação entre os estilos secular e gospel dividindo os pontos de vista dos debatedores quanto a presença de jovens cristãos em eventos seculares e o envolvimento de rappers cristãos nestes. Como o REP se coloca diante destes fatos?
OSK- Vamos por partes. Cristo fez a seguinte oração: “Não peço para que os tire do mundo, mas os livre do mal”... Em outra passagem bíblica Ele fala: “Vós sois a luz do mundo”... e termina dizendo que “nenhuma lâmpada foi feita para ficar debaixo da cama e sim, no ponto mais alto para iluminar a todos que estão na casa”. O R.E.P tem a seguinte postura de viver e agir por objetivos: Acho que os jovens evangélicos deveriam ir sim nesse tipo de eventos com o objetivo evangelístico. Com o intuito de salvar ou impactar um amigo. O problema em si não é o evento, mas a postura que esse jovem terá lá. O próprio Cristo não andava somente nas sinagogas ou templos da época, mas sim com as pessoas que necessitavam ouvir a mensagem de salvação. Ir por ir, acho que não vale a pena, porque esse jovem corre o risco de não influenciar e sim ser influenciado. Sobre tocar nesses eventos, não vejo problema algum, desde que eu possa fazer meu trabalho completo. Ou seja, falar de Deus e da mensagem da salvação em dado momento do show. Ir apenas para fazer o show e ganhar o cachê prefiro ficar em casa pois não estarei cumprindo a missão que Deus me deu.

PCG- Agora vamos falar do seu trabalho atual. Além de rapper você é também produtor musical e assina com o nome "Visio". Existe uma explicação específica para essa mudança de identidade?
OSK- Visio é abreviatura de Visionário. E é o que busco ser quando estou produzindo. Criar músicas não olhando apenas para o agora, ou seja, o momento que o rapper está compondo ou colocando a voz. Não me limito apenas ao momento que sou contratado ou até receber meu pagamento. Tento ver além; ver o resultado da música na pista; a reação do público, do dj ao executar, do artista sendo reconhecido. Porque sem isso meu trabalho seria em vão. Acho que isso é um dom dado por Deus para mim, de me fazer ter essa visão, ser um Visionário.

PCG- Atualmente você está produzindo a bossarap de "Vinícius Terra" e co-produzindo o trabalho de “Nelboy Dastha Burtha”. Como está sendo trabalhar simultaneamente com dois conceitos distintos?
OSK - Tem sido um ótimo desafio. Os resultados têm sido excelentes, diferenciados. Vejo eles atendendo o objetivo e agradando o público. O desafio com o Vinícius é fazer músicas para pista com samples de bossa. Demanda uma pesquisa musical muito grande, casamento de beats e samples; tem sido ótimo trabalhar com ele! Já o trabalho do Nelboy leva para outro lado. Ele tem super-idéias! Cabe a mim fazê-las acontecer criando um paralelo entre as idéias dele, esmiuçar e transformar em “hit” sem decepcioná-lo ou fazer que a música perca a identidade que ele criou. Além do trabalho deles estou produzindo o trabalho do Dom Negrone e do rapper gospel Fydell.

PCG- O DJ "W" o acompanha nestas produções?
OSK- Quase sempre. A distância de nossas residências impede que trabalhemos totalmente em parceria. Na maioria dos casos eu faço as produções sozinho. Mas as produções sempre passam pela opinião dele e quando ele está presente sempre acrescenta e muito. Como DJ, ele sabe o que o público quer ouvir.

PCG- E quanto ao álbum do grupo, como está sendo preparado?
OSK- Estamos com oito faixas prontas para um álbum de 13. Passeamos por todas nossas influências black e terá a participação do Francisco J’C, Fydell, R.B e Loco (Manuscritos), Jorginho Cabeção (ex-REP e Família CDD), Gospel Beat Vozes e Grooves entre outros.

PCG- Vocês lançaram o single "Mão Pra Cima", que já está sendo executado
pelo "DJ Marcelo Araújo" da Manchete FM. Comente um pouco sobre esta
música.
OSK- Essa música tem uma história muito interessante. A compus para entrar no álbum de um rapper gospel carioca chamado Profeta LMC, mas não tivemos a oportunidade de gravá-la. Ficou na gaveta até o dia que decidi que incluiríamos no nosso CD. Produzi o beat, mas o refrão não estava ideal. Foi quando o DJ “A” sugeriu que eu convidasse o Nelboy para fazê-lo. Foi o Boom! A música chegou no ponto que queríamos! Além do DJ Marcelo Araújo, o DJ Boneco está executando ela na Boate Six.

PCG- O grupo está na cena independente. É por enquanto ou seria também uma
questão de postura?
OSK- Se uma gravadora que respeite nosso trabalho, nossa filosofia e não queira apenas explorar, com uma estratégia de divulgação boa e competente, não seria hipócrita de dizer que não fecharia o contrato. Mas hoje é difícil acreditar nas grandes gravadoras. Os selos independentes mostram que são a saída. No momento estamos fazendo o caminho mais difícil, fazendo por nossas próprias forças e principalmente com a ajuda Divina.

PCG- Muitos rappers têm aderido ao gospel, o que significa um aumento assustador nos últimos três anos no Brasil. Isto não seria talvez pelo motivo de muitos pensarem que o lado de cá é mais promissor que o lado de lá?
OSK- Alguns podem estar fazendo isso, mas quem somos nós para julgar. Pelos frutos vamos ver quem é quem. Cabe a Deus fazer justiça. Espero que eles saibam bem o que estão fazendo. Fazer gospel não é apenas cantar ou rimar. É viver! Isso é que fará a diferença. Quem está vindo para cá a procura de fama e sucesso, pode até conquistar, mas do que adianta ter CD de platina se não será aprovado por Deus e sofrer pela eternidade...?

PCG- O REP começou assistenciando menores infratores em casas de recuperação. Neste caso, como vocês observam este hip-hop de hoje em sua ação social?
OSK- Há ainda alguns poucos heróis que fazem pelo social, mas em sua grande maioria vejo o hip-hop se preocupando apenas com o “mainstream”. Na verdade não acho que o hip-hop tenha essa responsabilidade, mas sim todos nós como cidadãos. O hip-hop é uma arma que pode ser usada nesse trabalho, assim como o samba, o jazz, o esporte. Poucos artistas fazem pelo social, pela sua comunidade, pelo menor carente ou pelo menor infrator. Acho que todos deveriam ser um pouco mais atenciosos pela necessidade do outro e não apenas egoístas. Vejo infelizmente muitos hipócritas que ficam com esse discurso que estão no hip-hop para ajudar e tal e depois mudam. Fala-se muito que a culpa é do governo, dos políticos mas e nós? O que estamos fazendo? Falar é fácil, agir é outra história...

Saiba mais:

OSK- (21) 3822-2483 / 8862-9578
DJ “W”- 3756-2523 / 8815-9045
www.gospelbeat.com.br
gospelbeat@gospelbeat.com.br

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